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Sua empresa está preparada para o “efeito Smart Fit”?

Passados os 40 anos de idade, a frequência a uma academia de ginástica, embora tortuosa, entediante, e, o mais grave, dispendiosa de tempo para quem já o tem escasso, acaba se tornando necessária.

Com base nessa necessidade, já há alguns anos tento frequentar: por vezes (raras) de forma mais assídua, em muitas outras de forma claudicante e desmotivada.

Até há pouco tempo eu frequentava uma academia pertencente uma rede razoavelmente bem distribuída. Pagava R$ 200,00 por mês para fazer musculação. Em troca desse valor, a academia me disponibilizava alguns equipamentos, um professor à minha disposição e aos demais alunos, e um horário de funcionamento de segunda a sexta, de 6h às 22h, e sábado de 7h às 14h. Aos domingos e feriados ela estava fechada.

Acabei deixando de frequentar a dita academia às vésperas de uma viagem de férias, quando estaria fora 15 dias, ocasião em que tranquei a matrícula. Naturalmente, se o objetivo era reativar a matrícula 30 dias depois, esses 30 dias acabaram se tornando quase um ano…

Mas eis que surge a Smart Fit perto de casa e resolvo conhecer. Para começo de conversa, o preço é menos da metade do que eu pagava. A inscrição faço pelo site ou pelo aplicativo, sem necessidade de marcar avaliações prévias, levar exames médicos e várias outras barreiras iniciais para quem, na maioria das vezes, já chega ali louco para arrumar uma desculpa a fim de adiar o projeto.

As instalações são novas e de primeira qualidade – é certo que tem uma iluminação meio “boate”, uma penumbra que me faz tropeçar nos outros, pois não levo os óculos, mas ninguém é perfeito… Equipamentos todos novos, cadeiras de massagem, funcionários limpando constantemente os equipamentos, avaliações com professores com hora marcada (pelo site ou aplicativo), e, para completar, abre aos domingos e feriados: perfeito para malhadores obstinados e empresários ocupados.

Em resumo: presta o mesmo serviço que a maioria dos concorrentes – na verdade, melhor até do que a maioria –, funciona 7 dias por semana, e cobra metade do preço.

A sua empresa está pronta para esse tipo de concorrente?

Em um primeiro momento, pensei que seria uma espécie de dumping. Um grupo capitalizado tentando quebrar os concorrentes para depois subir o preço. Mas a Smart Fit está no mercado há um bom tempo, com a mesma política.

Ao que parece (não conheço a estratégia deles), essa política de preços decorre de uma especialização no que oferece (apenas musculação, e não uma diversidade de outras atrações como ginástica localizada, natação, ioga etc.), investimento em informatização, e ganho no volume de alunos.

Fato é que, independentemente de como fazem para operar, estão quebrando diversas pequenas academias que não conseguem inovar e fazer diferente.

Você já pensou como faria se surgisse um concorrente cobrando menos e oferecendo mais?

Muitos sequer pensam nisso, não por desídia ou distração, mas simplesmente porque têm a convicção de ser impossível alguém cobrar menos oferecendo o mesmo ou mais. Nietzsche já falava que o maior inimigo da verdade não é a mentira, mas a convicção…

A Smart Fit está aí provando que sempre é possível.

Ok, podemos dizer que, em comparação com outros concorrentes, não oferece exatamente o mesmo: não tem as diversas aulas/atrações adicionais, talvez não tenha o mesmo desfile de moda daquelas academias que cobram R$ 500,00 de mensalidade, dentre outros diferenciais. É fato, mas para a maioria do mercado (e dos consumidores), onde se paga para usar um punhado de equipamentos durante 1h, oferece rigorosamente o mesmo cobrando a metade.

E a sua empresa? Aonde ela se posiciona? Oferece o “feijão com arroz” cobrando preço de filé porque todo o mercado é assim?

A maioria responde que não: “quem sou eu para cobrar preço de filé?, vivo no limite, trabalhando para pagar as contas, vendendo almoço para pagar jantar aqui na empresa…”

Em muitos casos cobram preço de filé, mas têm custos que comem todo esse filé (desculpem o trocadilho), deixando só o osso mesmo para o empresário. O nome disso é ineficiência… Por isso um país ganha quando abre seus mercados, assim como ganha um segmento de negócio quando surge um concorrente disruptivo (para usar uma palavra da moda). A concorrência força a eficiência, ou mata os ineficientes.

Mas por que esperar a concorrência para procurar as ineficiências? Por que não tentar ser, desde já, o disruptivo (olha ela aí de novo…) da história, ainda que em alguma escala?

O sucesso de uma empresa vem de dois fatores: lucros crescentes, e atividade perene. Sua empresa precisa dar lucro. Além disso, o lucro precisa estar em crescimento para que a empresa possa durar; e durando a empresa, o lucro cresce em proporções geométricas. Um círculo virtuoso.

Admite-se períodos de estagnação ou até de redução, faz parte do jogo, ninguém está livre de uma crise econômica (fator externo) ou de decisões erradas (fator interno). Mas nenhuma empresa, sobretudo as menores, dura muito sem crescimento. Esses períodos precisam ser razoavelmente curtos. Se ficar parada, uma hora começa a cair… Não dá para ficar a vida toda tomando decisões erradas ou culpando externalidades (crise, queda do dólar, desemprego etc.).

Então, antes que surja um concorrente inovador (externalidade) e mude as relações de forças e fragilidades do seu negócio, melhor já trabalhar para você mesmo tornar a sua empresa obsoleta.

Pense no dia de amanhã, claro, na folha de pagamento que vai vencer no próximo dia 5; mas pense também aonde estará o seu negócio daqui a 5, 10, 20 anos. Provavelmente essas idealizações estarão todas erradas e os cenários imaginados raramente se confirmarão (há 40 anos, quando se falava em futuro, pensava-se em carros voadores, ninguém sequer imaginou a Internet), mas o exercício de futurologia ajuda a inovação do presente. E o mais importante: tais exercícios deixam a mente aberta e treinada, pronta para identificar as oportunidades de mudança que vão impactar o seu mercado em breve.

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